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sábado, 15 de outubro de 2011


  

Liturgia BDSM

   Primeiro vamos rever o que quer dizer o acrónimo BDSM.
BD= Bondage/disciplina. (Bondage é a retenção do indivíduo por meio de cordas, algemas, mordaça, etc..)
DS= Dominação/submissão.
SM= Sadismo/masoquismo.  (Sadismo visando aumentar o prazer sexual e não na busca de ver o outro sofrer, ou seja, CONSENSUAL)

   De certa forma em tudo na vida há uma espécie de liturgia que se forma quase sempre com naturalidade, claro que muitas outras são implantadas, como é o caso dos quartéis.   Mas é exatamente isto, cada lugar tem o seu ritmo e suas regras.    Por que razão um meio onde o CONSENSUAL é uma das três bases fundamentais do BDSM, tem que haver imposição?    Respeito se conquista, não se impõe e uma submissa deve-o a seu Dono, são as liturgias Dele que ela deve seguir, é a Ele que ela deve respeito e é a Ele que ela deve tratar por Senhor.   Claro que quando vou a padaria chamo o senhor Manoel de senhor, como a qualquer pessoa mais idosa que eu, isto é uma questão de educação, mas fora isto vai ser muito difícil que eu o faça.
   Pensando nos atores de novelas, cinemas e afins, vejo que cenas dão prazer imenso a quem faz, gostamos de assistir também, são cenas pré definidas, mas penso que no BDSM isto engessa a coisa que perde o encanto, ao menos para mim e sei que não estou sozinha, sei também que é prazeroso para outros, afinal muitos tem uma veia artística.
   Existem muitos que gostam de liturgias e rituais e penso que estes devem ser respeitados, quem quer respeito deve respeitar os outros.   É exatamente por isto que imposição de liturgia não cabe, não posso aceitar que alguém que não seja meu Dono exija de mim que o trate por Senhor, Senhor eu só tenho dois, um é Jesus e o outro é meu Dono, qualquer outro é apenas alguém com afinadade ao sadomasoquismo como eu, que merece o mesmo respeito que dispenso a qualquer ser humano e ponto final.   Também para isto existe o CONSENSUAL, se não estou em consenso não há o que ser exigido.   Porém é recorrente que pessoas sem noção que fazem exigências a quem acabou de conhecer, o que não faltam são pessoas pedantes no meio que acham que agindo com arrogância se posicionarão, isto porque existem as alienadas que colaboram com este tipo de comportamento, que chamam a qualquer um que se diga Dom, Mestre ou afins, de Senhor; é vamos combinar, a expressão “Dono de mim” é um erro ortografico muito ridículo, não é por que eu digo ‘meu Dono’ que Ele seja meu e não o contrário, no trabalho dizemos ‘meu chefe’, e nem por isto estamos no comando, a palavra Chefe, Mestre ou Dono, dispensa esclarecimentos.
   Quando vou ler um texto sobre liturgia em algum site BDSM, geralmente começam assim:
   “A liturgia do BDSM envolve todo um ritual, um comportamento entre Top e Bottom, preparação de cenas, ritos de posse e entrega...”  
    Eu me pergunto.   Não é como um ator ou diretor preparando a cena?   Claro que existem coisas que a gente faz, que acontecem entre o Dono e a submissa, mas que diferenciam de acordo com cada par, contudo eu não gostaria de encenar, gosto da diversidade que Ele me proporciona a cada encontro e o comportamento de Dominador e submissa sai espontaneamente.   Sou feliz assim, mas respeito quem gosta de liturgias, até gostaria de assistir (adoro ir ao teatro), mas o respeito que dou também exijo.   Para mim o grande defeito em quem é praticante de liturgias, com exceções é claro, são aqueles que querem impor a terceiros os seus ritos.
   A exemplo de outros países, como na América do Norte e na Europa, há quem pense em criar um cabedal a ser seguido, mas o Brasil é um país atípico e o BDSM dentro dele não poderia ser diferente, somos muito passionais para nos adequarmos ao BDSM de fora, como com tudo o que recebemos de países estrangeiros, colocamos o nosso tempero, o nosso jeito, o nosso calor, os nossos sentimentos passionais, por isto é inútil a criação de um conjunto de normas, a nossa diversidade é muito grande.
   Não estou dizendo aqui que eu não siga a uma liturgia, mas a que sigo é determinada pelo meu Dono e dirigida exclusivamente a Ele, não é engessada, sai espontaneamente, foi sendo implantada paulatinamente, sem que eu me desse conta, não me foi dada uma cartilha de normas a serem seguidas, elas foram sendo colocadas na nossa relação com muita naturalidade, cada detalhe acrescido suavemente, de maneira que é uma relação rica, plena, verdadeira, natural, com respeito e amor.  
   Aos devotos da liturgia pré moldada do BDSM e aos adversos a ela, minhas saudações!
  

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