Entre nós,do meio BDSM se fala muito em Liturgia.Há os que a consideram dispensável e outros que a consideram essencial
O que significa este termo?
O termo "Liturgia", hoje utilizado quase que exclusivamente para descrever o ato de culto, não nasceu em ambiente religioso. Ele vai surgir por primeiro na Grécia antiga, pertencendo pois à língua grega clássica, como palavra composta por duas raízes: leit (de laós = povo) e érgon (= ação, empresa, obra). A palavra assim composta significava naquele ambiente em que nasceu: "ação, obra, empresa para o povo ou pública". Por "Liturgia" se entendia na Grécia clássica, isto é, pelo séc.
VI antes de Cristo, um serviço público feito para o povo por alguém de posses. Este realizava tal serviço ou de forma livre ou porque se sentia como que obrigado a fazê-lo, por ocupar elevada posição social e econômica. Assim, eram "Liturgias" a promoção de festas populares, a promoção de jogos olímpicos ou o custeio de um destacamento militar ou de uma nave de guerra em momentos de conflitos.
A seguir, na época helenística, séc. III a I antes de Cristo, a palavra vai mudar de sentido. Ora, como sabemos, as palavras numa língua viva costumam mudar o seu significado ao longo do tempo, e isso podemos facilmente comprovar na nossa própria língua. Assim, na época helenística "Liturgia" vai passar a designar seja um trabalho obrigatório realizado por um determinado grupo como castigo por alguma desobediência contra o poder constituído, ou trabalho em reconhecimento a honras recebidas. Também por "Liturgia" começa-se a entender o serviço do servo para com seu senhor ou um favorzinho de um amigo para com o outro. E aqui o termo perde aquele caráter de serviço público, para a coletividade, que era seu componente essencial.
Todavia, nesta mesma época helenística, começamos a ver o termo "Liturgia" sendo usado cada vez mais em sentido religioso-cultual, para indicar o serviço que algumas pessoas previamente escolhidas prestavam aos deuses. E é precisamente neste sentido técnico de serviço que se presta a Deus que a palavra vai entrar no Antigo Testamento.
No Oriente grego, o termo esteve sempre em uso para designar a ação ritual. No cristianismo primitivo, liturgia e comunidade relacionam-se estreitamente como exigência de fixar a profissão da religião e de manifestar seu conteúdo em formas visíveis.
Muitos momentos de sociedades diversas vemos permeados de “liturgias”,tais como,cerimônias de casamento, rituais de passagem para a idade adulta,cerimônias de ingresso em irmandades.
A LITURGIA passa a simbolizar o “ momento de mudança”.
No meio BDSM podemos tecer algumas considerações.
Em seu site a submissa Carolina{TVP} assim se posiciona em relação à liturgia:
“Falar sobre Liturgia em BDSM é como falar do próprio BDSM.”
“É enumerar todo um Jogo onde as regras são ditadas e seguidas pelos parceiros que a definem com clareza antes do início da partida.”
“A Liturgia engloba o comportamento do Mestre e da escrava, o tratamento entre ambos, o vestuário, o cenário...”
A liturgia, através dos rituais, serve para marcar momentos que podem ser considerados importantes na relação D/s ou SM...
O encoleiramento é um momento marcante de posse do(a) Dominador(a)...pode vir acompanhado de juramento ou não...há quem prefira deixar a Cerimônia de Juramento para um momento mais adiante da relação...como momento de entrega total...
O juramento é prestado pelo(a) submisso(a) quando ele(a) se sente pronto(a) para fazê-lo...portanto este momento é determinado pela maturidade do(a) submisso(a) na sua condição...é neste momento que ele(a) recebe a coleira definitiva...ou pode receber alguma marca..tipo tatuagem...
A liturgia diz respeito,também, às normas que regem a forma de um(a) submisso(a) se conduzir na presença e mesmo na ausência do(a) Dominador(a)...
A liturgia só não deve impedir que a espontaneidade, alegria e autenticidade estejam presentes em todos os momentos de tesão e prazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário