O que conhecemos hoje como BONDAGE e SHIBARI é uma evolução do HOJOJUTSU (uma arte marcial de imobilização).

HOJOJUTSU e posteriormente KINBAKU, foram os nomes dados a arte milenar da imobilização pelas cordas durante o Japão feudal. Era um método de captura e tortura militar contra prisioneiros de guerra. Os tipos de amarrações variavam de acordo com status social do prisioneiro. 
O HOJOJUTSU consistia na arte de amarrar sem nós e tinha diversas aplicações dependendo da necessidade. Podia ser de restrição total ou não, pois de acordo com a técnica aplicada, era possível deixar o prisioneiro alimentar-se ou caminhar, mas sem possibilidades de fuga. Em outros casos, a amarração causava dor, perda da consciência ou morte, caso a vitima se debatesse tentando se libertar.
No período Edo, usavam-se métodos de amarração para classificar o status social da vítima e cores nas cordas para identificar o crime cometido. A corda de cor branca era aplicada para pequenas infrações e a azul para crimes graves. Caso o criminoso fosse alguém nobre ou importante, usava-se a cor violeta.
Nesse período feudal, era extremamente humilhante ter uma corda passada em torno do pescoço, muitos preferiam a morte a essa humilhação.
A corda era um acessório que fazia parte da indumentária de guerra e tinha múltiplas utilidades como prender a sela do cavalo, escaladas e também para a imobilização de prisioneiros.
A evolução das amarrações teve seu começo durante a sangrenta era do período Sengoku, um momento de grande instabilidade na história do Japão e deu-se entre a metade do século XV e o início do século XVII.
Nessa época era muito comum manterem-se prisioneiros vivos como elementos de troca ou para torturas, e as cordas tiveram um papel fundamental nesse cenário.

No período seguinte, o Edo (ou Tokugawa), a paz voltou a reinar e surgiu uma nova ordem social mais rígida, técnicas como o HOJOJUTSU evoluíram, as cordas foram aprimoradas e as práticas se popularizaram entre as aldeias. Cada uma delas começou a desenvolver seus próprios métodos e códigos, assim, a população identificava o crime e a posição social de um condenado em praça pública pela forma e pela corda com que ele fora imobilizado.
Essas imobilizações geralmente tinham duas funções como punição criminosa; a primeira deixava seqüelas irreversíveis por conta da pressão exercida e a segunda era a morte lenta pela suspensão, que às vezes levava vários dias.
Em 1742, o governo japonês promulgou uma lei proibindo determinados castigos, entre eles, o uso do HOJOJUTSU para essa finalidade. Estima-se que a partir desse período tenha-se começado a dar uma utilização sexual para a prática, pois foram encontradas representações eróticas com cordas nessa época.
Em 1908, o ilustrador e desenhista Ito SEIU pesquisou as técnicas do HOJOJUTSU e as levou para o papel. Seus desenhos foram publicados em revistas, tiras de jornais e quadrinhos na década de 50, popularizando definitivamente o KINBAKU como uma autêntica expressão de arte. Seu sucesso o fez ser conhecido como o “pai do KINBAKU”. Na década de 60, o KINBAKU já era visto como uma tradição japonesa da arte da submissão sexual através das cordas. O termo KINBAKU foi adotado por fazer mais sentido, pois trata-se apenas de imobilização por cordas, já o HOJOJUTSU era uma arte marcial da qual a imobilização fazia parte.
 
        
Nos anos 90, com a proliferação da prática pelo mundo, a denominação de KINBAKU acabou sendo substituída por SHIBARI  e é entendida por muitos como a versão moderna do KINBAKU.
Essas transformações ocorreram também no ocidente e uma das características mais notadas foi a substituição da plasticidade pela praticidade, gerando um novo nome para a milenar arte da imobilização pelas cordas: BONDAGE.
A diferença fundamental entre SHIBARI e BONDAGE está na estética e no erotismo da amarração. O SHIBARI prima pela beleza, pela arte visual no resultado final, além dos nós serem feitos em regiões erógenas específicas, causando assim, estímulo e prazer. Muitos Mestres dominam o Shiatsu e utilizam os nós para pressionar os meridianos, obtendo um equilibro no fluxo de energia do corpo.
O BONDAGE é puro e simples, seu objetivo é a imobilização prática como fonte de tortura. No mundo ocidental o BONDAGE sempre teve uma aplicação de cunho sexual e sadomasoquista.
Como o acrônimo BDSM é americano, generalizou-
Outro ponto interessante a ser observado é a assimetria do SHIBARI e a simetria do BONDAGE.
 
              
A assimetria do SHIBARI busca o desconforto e a simetria do BONDAGE a imobilização plena.
O tamanho das cordas utilizado no KINBAKU é de sete metros de comprimento.
As cordas tradicionais no KINBAKU e no SHIBARI são confeccionadas com fibras naturais de palha e arroz, juta, linho ou cânhamo, podendo chegar no SHIBARI até quinze metros de comprimento, porém, os melhores resultados são obtidos com cordas de quatro metros. A razão para isso está no fato de se poder ajustar a tensão exercida em algum ponto sem ter que desfazer a amarração inteira.
O diâmetro varia de 6 a 12 milímetros, o suficiente para não entrar na pele, mas capaz de deixar marcas de um forte impacto psicológico e com uma espessura adequada para se desfazer os nós facilmente.
Fora do tradicional, é comum ver-se cordas de nylon, algodão e polipropileno.
As medidas das cordas para o BONDAGE são um pouco diferentes, são aproximadamente de 8 metros em função das diferenças físicas entre a mulher oriental e a ocidental.
Cabe observar que a cultura do HOJOJUTSU não desapareceu, ela continua viva em academias pelo mundo inteiro e, curiosamente, mesmo nos dias de hoje, a policia japonesa ainda usa cordas, além das algemas.
 
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